domingo, 12 de maio de 2019

Análise resultados - Grendene 1T2019

Primeiramente, antes de analisar o resultado da Grendene, vamos dar uma olhada na indústria calçadista para saber como está o setor.


Análise Setorial

Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados – ABICALÇADOS, em 2014 a produção foi de 996 milhões de pares. Entre 2015 e 2016, o setor perdeu posições no mercado interno e externo. Os problemas, como o alto custo de produção, agravados por uma crise econômica que levou os índices de desemprego e inadimplência às alturas, fizeram com que a produção de calçados caísse mais de 8%.

Em 2017, a produção foi de 942,8 milhões de pares e em 2018, a produção cresceu apenas 0,1%, totalizando 944 milhões de pares. A performance negativa de 2018 teve influência do fraco desempenho no mercado doméstico, mas, também, teve grande contribuição da queda de 10% nas exportações ante 2017 e, menos da metade do faturado há dez anos.

Para 2019, a partir da recuperação, especialmente das exportações, projeta-se um crescimento entre 1% e 3%, o que, no entanto, não será suficiente para voltar aos patamares pré-crise.


A estabilidade da produção brasileira contrastou com o incremento da produção mundial de calçados, que fechou 2018 somando 22,3 bilhões de pares, quase 3,5% mais do que no ano anterior. O Brasil permanece na quarta posição entre os produtores mundiais, atrás de China, Índia e Vietnã, e seguido de perto pela Indonésia. O que tem mantido essa alta produção brasileira, hoje a maior do Ocidente, tem sido o mercado interno, que, no entanto, vem desaquecendo nos anos recentes. 

Quanto à exportação mundial, o Brasil responde apenas pela 11ª posição, com 113 milhões de pares exportados ao longo de 2018, atrás de países não tradicionais na produção do setor, como Países Baixos e Reino Unido. “O Brasil é pouco competitivo no cenário internacional”, comenta a coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck.



Para o doutor em Economia Marcos Lélis, o problema é mais estrutural do que conjuntural. O economista ressaltou que, apesar das expectativas positivas geradas pelo novo governo, a economia ainda não reagiu de forma efetiva, com índices de desemprego e inadimplência elevados. "Os investimentos, tanto públicos quanto privados, estão nos mesmos patamares de 2008 e 2009”, disse, acrescentando que a baixa utilização da capacidade instalada do setor – de cerca de 75% – não permite outro cenário.  

Finalmente, para o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, o setor encolheu especialmente por culpa da conjuntura econômica nacional e internacional dos últimos anos. Hoje, temos uma capacidade produtiva muito maior do que de consumo. O grande entrave é justamente a demanda desaquecida em função dos índices de desemprego e inadimplência. Na questão internacional, temos um problema grave de competitividade relacionado ao Custo Brasil, obstáculo que temos esperança de que o governo atual resolva, em boa parte, ainda nesses quatro anos.

Fonte dos dados:

Análise Grendene

A Grendene divulgou os resultados do primeiro trimestre de 2019 e logo na primeira página do relatório constam os destaques do 1T19 vs. 1T18:
  • Queda 22,5% na receita líquida.
  • Lucro líquido de R$76,5 milhões – 51,0% menor.
  • Ebit de R$33,5 milhões – 72,2% menor.
  • Queda em todas as margens.
  • Volume de pares – 28,5 milhões – 29,5% menor.

Como o resultado do trimestre foi horroroso, decidi dar uma olhada no histórico da empresa conforme dados disponíveis no site de RI.

Analisando os dados no período de 2013 a 2018, nota-se que a receita líquida da empresa ficou praticamente estável, enquanto que o volume de pares diminuiu em 25%. Logo, para manter o mesmo nível de receita vendendo menos pares, houve aumento de 33% na receita líquida por par, passando de R$ 10,12 para R$ 13,49.

Em 2017, o lucro líquido da Grendene passou de R$ 661 milhões para R$ 586 milhões em 2018, apresentando uma queda de 11%. Esta queda foi influenciada principalmente por causa do resultado financeiro 33% menor em 2018, já que o resultado operacional reduziu apenas 2% no mesmo período. Como a empresa encerrou 2018 com R$ 1,5 bilhão de dinheiro em caixa, o resultado financeiro tem um peso importante na apuração do lucro líquido.

Analisando a margem líquida, que mostra quantos por cento da receita líquida efetivamente se transforma em lucro líquido, temos que desde 2016 está caindo, passando de 31% para 23% no 1T2019. Já o ROE, que mede em porcentagem a capacidade de uma empresa em gerar lucros a partir de seu patrimônio líquido, temos uma estagnação no período de 2012 a 2016 e desde então uma queda de 31% até o 1T2019.


Percebe-se claramente que a Grendene vem perdendo eficiência a partir de 2016, mas ao mesmo tempo precisamos ter em mente que a indústria de calçados no Brasil passa por um momento de estagnação, tendo em vista que a produção de calçados estimada em um cenário otimista para o corrente ano é de 976 milhões de pares, sendo esta abaixo da produção ocorrida em 2014, quando foram produzidos 996 milhões de pares.

Como a indústria de calçados no Brasil é extremamente dependente do mercado interno, já que praticamente 91% da produção fica no país, faz-se necessário que a economia volte a crescer ou que haja políticas públicas para tornar o calçado brasileiro competitivo internacionalmente, o que ajudaria as empresas do setor a diminuir a capacidade ociosa que em 2018 foi de 24%.

Enquanto isso, no relatório do 1T2019, a Grendene afirma que perdeu market share e que não acredita em recuperação de consumo de calçados no mercado brasileiro para este ano, permanecendo completamente indefinido como a economia, o consumo e o consumidor devem se comportar. A tão esperada recuperação ainda não começou e pode nem acontecer este ano.

A Grendene jogou a toalha para 2019, mas a empresa precisa se mexer, pois a estratégia de aumentar o preço dos calçados para compensar a queda nas vendas já não tem mais surtido efeito e o lucro líquido da empresa está em queda.

Você sabia...?

Que em 2018, a produção de chinelos representou 46,8% dos pares produzidos no Brasil.


That’s all folks.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Fechamento Abril/2019

Vamos lá... Primeiro fechamento postado no Blog!!

Tenho utilizado a planilha do dlombello para fazer acompanhamento dos meus investimentos. Para quem estiver interessado na planilha segue o link:
https://sites.google.com/view/dlombelloplanilhas

As cotações na planilha são automatizadas e como fica na nuvem da para acessar de qualquer lugar.

Parte I - Renda Fixa
Composição da carteira

Rentabilidade da carteira no mês: 0,86%
Rentabilidade do CDI no mês: 0,5183%
Rentabilidade da carteira desde julho/2017: 16,22%
Rentabilidade do CDI desde julho/2017: 12,96%

Conclusão
Recentemente a carteira de RF tem rendido acima do CDI, principalmente por causa da valorização do TD IPCA+ 2045. 


Parte II - Ações
Composição da carteira com cotações em 02/05. Esqueci de tirar print screen no dia 30/04.

Rentabilidade da carteira no mês: -1,51%
Rentabilidade do IBOV no mês: 0,98%
Rentabilidade da carteira desde junho/2017: 42,87%
Rentabilidade do IBOV desde junho/2017: 53,65%

Conclusão
Mico do mês foi para Cielo com -19,07% e Grendene com -10,68%.
Destaque para SAPR3 com valorização de 7,28%.


Parte III – Carteira consolidada
Rentabilidade da carteira no mês: 0%
Rentabilidade da carteira desde junho/2017: 18,28%
Rentabilidade do IBOV desde junho/2017: 53,65%

Conclusão
Patrimônio total em abril fechou em R$ 209.411. Em 2019, a carteira ainda praticamente não andou. Está estagnada na faixa entre 200k e 210k, com 35% em renda variável e 65% em renda fixa.

That's all folks!!